portrait of my mind

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Deve ser da crise!

Ultimamente sempre que vou a um estabelecimento comercial, seja ele qual for, fico a saber da vida pessoal do/a funcionário/a que me atende!! Um/a está com depressão, outro/a que vai fazer frango ao jantar, outro/a que se esqueceu dos comprimidos em casa e vai ter de ligar à filha para os vir trazer, outro/a que vai-se encontrar com alguém que conheceu num chat, outro/a que entra "hoje" de férias e está imparável, outro/a que diz mal de outro funcionário que está de folga e outro/a que manda vir sobre o chefe que não está presente... enfim!
Não me parece bem, confesso!
Pior é quando o fazem no momento em que estão a atender-me (a mim ou outra pessoa). Falta de formação de atendimento ao público, pensei eu, mas no segundo pensamento, surgiu outra hipótese. De facto o que mais se vê agora são lojas vazias, ou então, cheias de funcionários, muitas das lojas com regras, que não acho correcto, apesar de dar uma imagem melhor, que é de o funcionário não poder se sentar, estando sempre pronto a atender a pessoa que entrar. E isto pode bem ser a causa do que exponho aqui, como os funcionário não têm o que fazer, acabam por conversar para passar o tempo, mesmo sendo conversa que não interessa a ninguém!
E sendo assim, pronto, tudo bem, mas saibam fazer uma pausa na conversa.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

moleskine

Se pudesse comprava todos os Moleskines do mundo e... descrevia-te!
Com linhas finas e largas ao mesmo tempo desenhava quilómetros, apenas sobre um pormenor teu. És feita/o de pormenores. Outras páginas palavras teriam, duras e puras, de momentos bons e maus, de defeitos, qualidades... pormenores. És feita/o de pormenores. E felizmente, não és perfeita/o. (eu. tu. a vida.)

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Cenas do meu país

O Fim da Linha

Mário Crespo

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.

Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa.