vai andando

"Então novidades?"
"Como estás?"
"A vida?"

Qualquer que seja a pergunta... a resposta bate quase sempre no mesmo: "Vai-se andando", "Cá se está", "tudo na mesma...", raramente está "tudo bem" a 100%, não é? Dizem que é por sermos portugueses... o fado! Está dentro de nós. Não dá para evitar.

A verdade é que não gosto de responder assim, mas há algo que me faz responder "vai-se andando" automaticamente. E quando fazem uma das perguntas chave, pronto, está o caldo entornado... sem pensar já o disse, ou escrevi.

Não gosto, é certo, mas faço-o! :)

Hoje não.

Não me apetece escrever. Pronto.
Não me apetece.

Apetece-me pintar, é isso.

Conversar, também. Daqueles conversas que correm, sem pausas de um silêncio surdo e mudo.
Aquelas conversas. Aquelas sabes? Todos à volta de uma mesa, com um copo meio-cheio à frente testemunha de todas as palavras e vírgulas. As horas passam e a conversa não tem fim.

Mas não me apetece escrever.
Cantar? Um samba, "só mais um samba", lento, onde as palavras dançam com o tum tum tum que soa no ar.

E ouvir, talvez. Ouvir o cão a ladrar lá fora enquanto as vizinhas põem a conversa em dia na entrada do prédio; o carro que chega a grande velocidade, a chuva que cai de mansinho e o sol que toca nas nuvens e entra em cena espalhando luz pela cidade numa manhã de Inverno.

Não me apetece escrever, já disse?
Ir. Entrar no carro e sem rumo ir... sem pressa, sem ninguém à espera no destino. Apenas ir, olhar pela janela e ver como o mundo gira. Em cada janela um olhar, uma família, uma vida.

Não me apetece, mas escrevi.
Até amanhã. Se não me apetecer...

Posterous

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